"When critics disagree, the artist is in accord with himself"

Oscar Wilde

11.6.10

Music Video Awards – The TSP Edition - 2ª Parte

E os vencedores:

Medalha de bronze

Spike Jonze
O americano Spike Jonze é mais reconhecido pelo seu trabalho como realizador pelas suas duas colaborações com o argumentista Charlie Kaufman Being John Malkovich e Adaptation e mais recentemente pela sua adaptação ao cinema do conto infantil Where the Wild Things are. No entanto, Jonze foi o homem por trás da câmara em alguns dos vídeos mais memoráveis da década de 90, caracteristicos pela sua simplicidade e originalidade. Associado sempre ao universo indie americano, Jonze fez vídeos para The Breeders, Weezer, R.E.M., Sonic Youth para nomear alguns e conta também com duas colaborações com a “anãzinha islandesa” em It’s so Quiet e It’s in our hands.

Mas Jonze ganha a sua posição no pódio por um vídeo apenas, que será, provavelmente, um dos mais geniais videos da História. Sim, da História. É ele o absolutamente inesquecivel Praise you de Fatboy Slim. O vídeo filmado com qualidade de câmara de telemóvel mostra uma muito mal vestida trupe de dançarinos, que actua em frente a um cinema para os transeuntes com uma coreografia tão tosca como enternecedora. Parece amador, mas não é. Desaprender tudo o que sabemos e regressar à simplicidade total é um feito mais admirável do que pode parecer à primeira vista. Quem viu nunca mais se esqueceu e não consegue deixar de esboçar um sorriso ao rever.
Não tão genial mas igualmente bom foi o vídeo de Weapon of Choice, também para Fatboy Slim. Porque se é preciso alguém para dançar, que seja o Christopher Walken.

Medalha de Ouro

Jonas Akerlund

Se um vídeo é censurado/banido/remetido para a programação de madrugada da MTV é porque, provavelmente, terá dedo deste senhor. O realizador sueco que no currículo conta apenas com uma longa metragem (Spun, 2002) é o homem a quem se liga quando se precisa de um vídeo escandaloso, inesquecivel e controverso. Um interminável rol de títulos poderiam ser referidos para comprovar este traço: Try try try dos Smashing Pumpkins, My favorite game dos Cardigans, Turn the page dos Metallica e o tarantinesco Telephone de Gaga e Beyonce são todos bons exemplos. Mas Akerlund terá sempre de competir consigo mesmo, e dificilmente superará o momento de genialidade ímpar na criação do vídeo de Smack my bitch up dos Prodigy. O problema de Akerlund, a meu ver, é o perigo de fazer vídeos que se sobrepõem à música (por vezes sendo muito extensos, com cortes na musica e dialogo adicional)tornando-a secundária. No fim de contas, um vídeo é um veiculo de promoção. Para além disso ele é amigo da Madonna, e isso não se faz.

Platina

Michel Gondry

Espero sinceramente que o meu julgamento não esteja a ser turvado pelos meus gostos pessoais, porque julgo que não há, verdadeiramente, ninguém que supere Gondry na criação de peças que conseguem o equilíbrio perfeito entre a identidade do criador e a identidade do artista, resultando em experiências honestas e emotivas que ao invés de deixar a música para segundo plano potenciam segundas leituras que a enriquecem.
Lembro-me quando me apaixonei por Gondry sem saber quem era Gondry. Corria o ano 1993 de nosso senhor Jesu Cristo, tinha eu uns míseros 7 anos, quando vi pela primeira vez o vídeo de Bjork (mas esta senhora está em todo o lado?) para Human Behavior, e o meu espirito infantil foi conquistado por aquele universo de florestas e conquistas da lua, ursos de peluche que engolem criancinhas (para mim, a Bjork parecia ter a minha idade) e traças de papel que voavam sobre a sopa.
Desde então Gondry nunca me falhou. Os seus universos são surreais e oniricos sem nunca perderem uma qualidade absolutamente táctil e humana. Gondry sabe capturar as aleatoriedades do pensamento inconsciente importando as texturas da realidade que equilibram a estranheza e a verosimilhança.

Os vídeos de referência são demais para nomear na totalidade, mas tomo a liberdade de destacar alguns. Around the World dos Daft Punk, Music sounds better with you dos Stardust, Like a Rolling Stone dos Rolling Stones, Knifes out dos Radiohead e Let forever be dos Chemical Brothers foram dirigidos pelo francês, e os White Stripes renderam-se e contam com três colaborações com Gondry, entre eles Fell in love with a girl, mais conhecido como “aquele vídeo do lego”.

Mas será talvez em 1997 que Gondry teve o seu maior feito, conseguindo com um vídeo dar uma nova vida a uma banda cuja carreira e reputação estavam à beira do precipício. Everlong fez com que os Foo Fighters deixassem de ser, aos olhos do público, os restos mortais dos Nirvana e passassem a ser uma banda com identidade própria, bons rapazes com sentido de humor, alguma tendência para o transvestismo e o porreirismo tipico de quem não tem medo de fazer más figuras. A música era boa, mas Gondry ajudou.
No cinema Gondry foi autor de alguns objectos de culto como Eternal Sunshine of the Spotless Mind e The Science of Dreams que são igualmente representativos do que é o imaginário de surrealismos infantis agridoces de Gondry. Be kind/Rewind é mau e não há desculpas, mas a ideia era boa e eu vou encontrar as forças no meu coração para perdoa-lo. Com um currículo assim, quem se recusará a faze-lo?


Eu assumo que muitos nomes ficaram de fora e gostava de ouvir mais opiniões, mas aviso já que escusam de me vir falar do Thriller do Michael jackson. O vídeo é bom e revolucionário, sim. Mas é também a unica coisa relevante da carreira de John Landis, um realizador dos estudios Disney que entre outras parvoices realizou a versão televisiva de Querida, encolhi os miudos. Tá bom?

2 comentários:

My Fashion Notes disse...

Eu achei desconcertante ver o Christopher Walken a dançar, mas amei!

kss
my fashion notes

Ps. Tens Disney mal escrito..

Phee disse...

Primeiro estranha-se mas depois entranha-se!


Ps. Obrigada! Está corrigido!